Michelangelo uma vez disse que ” Acima de tudo, artistas não devem estar só em galerias de artes e museus – Eles devem estar presentes em todas as atividades possíveis. O artista deve ser o patrocinador do pensamento em qualquer em que as pessoas assumirem, em todos os níveis.”
Hoje, fora das ópera e musicais, não há muitas bandas que tentam levar um sentido de arte para dento das suas performances, clips e estilo de apresentação.
Temos alguns casos onde as pessoas tentam causar de alguma forma para chamar atenção, e chamam isso de ‘arte’, para tentar justificar o seu comportamento. Depois temos outras bandas que ousam, e muitas vezes até demais, como The Flaming Lips e a sua nova turnê.
Em poucas ocasiões uma banda ou cantor consegue trazer o seu trabalho para um nível artístico. É possível ver essa tentativa através de clips mais elaborados, ou shows em lugares inusitados e há até livros e filmes que seguem o lançamento de CD’s.
Mas não há uma banda que faça isso tão bem quanto o Arcade Fire.
Suas performances, assim como suas músicas e seus clips, querem sempre passar algo mais do que a canção em si. A música é importante aqui, mas o visual assim como o estado em que eles querem levar quem está escutando e vendo aquilo.
O último CD, trás a temática do Reflektor:
“I thought I found the connector, It’s just a Reflektor”
E toda a turnê está sendo feita em cima desse tema, o palco foi elaborado para esse proposito (mas não sei o quanto disso virá para o festival), e a banda fez um convite para os fãs para irem ou fantasiados ou vestidos elegantemente para os seus shows.
Só que não fica aí, pq a conexão do CD é também forte com o mito de Orpheu e Eurudice, tanto é que ao apresentar as músicas no youtube para o mundo inteiro, o pano de fundo foi cenas do filmes Orpheu Negro, e principalmente três músicas falam dessa estória, Awful Sound, It’s Never Over e Afterlife.
E aqui, a banda canadense, mostra que uma letra pode (e deve) ser poética.
I know you can see things that we can’t see,
But when I say I love you, your silence covers me
Oh, Eurydice, it’s an awful sound.It seems so important now
But you will get over
It seems so important now
But you will get over
And when you get over
When you get older
Then you will remember
Why it was so important thenAnd after this
Can it last another night?
After all the bad advice
That had nothing at all to do with life
Há uma performance em cima das músicas. Há um visual para a apresentação dele, mas ele só consegue ser interessante e aceitável, porque o material é consistente e puro. Como se no momento em que a música foi criada, foi exatamente feita para poder suportar isso, para que ela pudesse conversar com a arte em suas diversas formas de uma maneira suave e original.
Nós falamos aqui quando o Reflektor saiu, e a medida que as músicas vão fazendo mais parte do nosso dia-a-dia, fica fácil entender o fascínio que o Arcade Fire produz e mantém aceso nos últimos 10 anos desde que despontou na cena indie.
Não é uma banda fingindo uma pose para parecer legal, são artistas tentando ser o mais completos possíveis e levando a sua banda com eles.
Por isso, semana que vem, esteja no show ao vivo ou em casa, não estranhe se ficar um tempo tentando entender o figurino, o palco ou até mesmo o publico cativo da banda.
O entendimento geral desse lado do Arcade é que: Is anything as strange as a normal person?
#cafenololla
Arcade Fire é o headliner do domingo, dia 06, e toca às 08:30 no palco Skol